"Sou parecida com todos os seres humanos do planeta.
Compartilho com eles uma longa evolução biológica e histórica.
Vivo numa sociedade organizada, como os primatas.
Tenho em comum com os primatas 99% do meu material genético.
Respiro e reproduzo-me como a maioria dos animais.
Até as plantas têm sexo como eu.
Como eu, todas as células contêm um núcleo com cromossomas e mitocôndrias.
Metabolizamos as mesmas enzimas.
As bactérias adoram o mesmo açúcar que eu.
Temos em comum muitos genes e a estrutura do DNA é parecida.
Nada de extraordinário até agora. Isto é a longa história da vida.A minha composição interna é a mesma: a água, o ar, a terra são iguais a mim. Como?
Os meus átomos de ferro, os meus iões de cloro são idênticos aos de um pedaço de ferro ou aos de um litro de água do mar.
Sem contar com os meus protões, os meus electrões, os meus quarks....
Esses quarks encontram-se dentro de mim.
Posso dizer que eu os produzo e liberto.
Divido os meus quarks com todos: com a Via Láctea e todas as outras galáxias.
Nada de extraordinário, divido uma longa historia com a matéria da Terra e do Sol (o meu astro solar), a estrela mais próxima.
Mas no meio de seis biliões de seres humanos que povoam o planeta... Sou único! Ninguém tem as minhas impressões digitais.
Ninguém é tão parecido comigo que possa doar-me a sua pele para um enxerto, caso eu me queime.
Somos todos da mesma família e tenho 99,9% do material genético em comum com os outros.
Apenas 0,1% é diferente mas isso é o que fará a diferença.
Nunca serei igual a nenhum outro.
Até uma eventual irmã gémea será diferente de mim.
Considerando somente os 23 cromossomas da minha mãe e os 23 cromossomas do meu pai, estatisticamente, a probabilidade de nascer uma irmã igual a mim seria de 1 em 2 elevado a 46ª potência!
Sou único! :
- " Uma maravilha que vale a pena ser amada e prestigiada ".
A abertura deste texto é do professor André Giordan.
Ele oferece a visão de um universo grandioso, quase desconhecido: o nosso corpo.
Como frase fundamental da filosofia que está por detrás das práticas de Hatha Yoga, podemos ler "tudo que está aqui - em mim - encontra-se em todos os lugares do universo".
O meu ser é elaborado com os mesmos elementos, os mesmos tattvas (palavra sânscrita).
A terra, a água, o fogo, o ar... São os tijolinhos de minha vida terrestre e compartilho-os com o resto do universo.
A vida é um processo que atravessou biliões de anos e tem um dinamismo fantástico de selecção para a transmissão de geração em geração.
Os nomes e as formas mudam com o passar do tempo, mas a essência é atemporal.
A vida terrestre é um processo que se auto-devora e auto-alimenta, onde o todo actua sobre o todo.
Esta filosofia vê a terra como um organismo vivo, único, dotado de um psiquismo colectivo autónomo que não pode ser separado do cosmos em geral.
Tudo que acontece ao nosso sol, por exemplo, as suas erupções regulares, perturbam mais do que as ondas de rádio que influenciam também a nossa vida terrestre.
Aos poucos, os nossos cientistas aproximam-se de uma versão do nosso universo, que em termos simples, foi explicada aos nossos antepassados.
"Tudo o que está aqui, encontra-se em todos os lugares do universo"
Adaptação de Isabel Perry
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