Mas hoje eu quero dizer-lhe a si, leitor, que como se não bastasse termos que lidar com esses desafios externos, temos ainda que lidar com um outro desafio, talvez não tão evidente, um desafio que vem de dentro de nós, e que muitas vezes se esconde nas nossas profundezas de maneira tão disfarçada que mal o reconhecemos.
Estou a falar do sabotador interno.
Talvez nunca tenha ouvido falar em algo assim, talvez até pareça maluco isto de que estamos a falar.
Como assim? “SABOTADOR INTERNO???”
Para o ajudar a entender isto, sugiro que pense em quantas vezes na vida quis algo, conscientemente, mas sem perceber, acabou por fazer algo que ia exatamente contra aquilo que queria.
Pensou?
Ok... vou dar alguns exemplos:
Pense naquelas vezes em que, apesar de saber que está acima do peso e quer recuperar a sua saúde emagrecendo uns quilos, você atacou o prato de batatas fritas ou o bolo de chocolate.
Pense nas vezes em que quis conquistar um emprego, mas na entrevista ficou simplesmente mudo e não conseguiu mostrar nem 20% da sua capacidade.
Pense nas vezes em que tentou controlar-se, mas acabou tendo uma explosão de raiva no lugar e no momento inadequado.
O que quero dizer é que existem muitas partes de nós mesmos.
E que nem sempre elas estão em acordo.
E que uma dessas partes, o sabotador interno, definitivamente não está ao nosso lado.
Ele esconde-se, engana-nos, e sempre que pode, tira o tapete dos nossos pés.
Esse sabotador existe porque ainda temos muitas crenças distorcidas, que trazemos da nossa infância.
Essas crenças foram construídas a partir da maneira como, lá atrás/no Passado, achamos que funcionava o mundo à nossa volta.
Quando eramos crianças, muitas vezes acabamos por acreditar que não merecíamos ser amados, valorizados, reconhecidos... e por aí fora!
Sentimo-nos tantas vezes “maus”, sentimo-nos tantas vezes “falhados”, “errados”, “imperfeitos”... que uma parte de nós acabou por achar que não merecemos agora receber o que a vida tem de belo e bom.
Essa parte acredita que merecemos sofrer, e "gentilmente" ajuda-nos a ir nessa direção, estragando os nossos planos mais belos, pisando sobre o nosso amor e rindo das nossas tentativas de Crescimento.
Acredite ou não, ele é seu servo.
Esse sabotador serve-o fazendo com que as suas crenças se tornem reais.
Mais ou menos assim...
(Você pensando) “Que porcaria, eu não consigo acertar nunca... nada dá certo para mim!”
(O Sabotador) “ Ok, meu amo e senhor ... assim seja!”- e faz você ir para a sua prova e simplesmente esquecer tudo, tudinho.
Ele é tão "bom" que torna sua mente um grande e silencioso branco!
(Você, (que foi muito mal na prova) “Está vendo... eu não dou certo mesmo!”
(Ele, com um sorriso...) “Missão cumprida!”
Ele existe, E FOI VOCÊ QUEM O CRIOU!!!!
Logo, não adianta querer matá-lo, ou expulsá-lo... ele é UMA PARTE de si, lembra-se?
Daí que, se na sua vida estiverem a acontecer muitos actos de autosabotagem, você precisa de rever as suas crenças a seu próprio respeito.
Precisa de fazer um trabalho de autoconhecimento, deitar fora aquilo em que já não acredita mais, construir uma nova visão a seu próprio respeito.
Precisa de aprender a ver-se a si próprio como uma pessoa merecedora de todas as coisas boas que a vida tem a oferecer.
Precisa de confiar mais em si mesmo, na sua capacidade de criar uma vida mais harmoniosa.
Nós somos os criadores da nossa vida. (co-criadores)
Podemos criar a nossa vida a partir da luz clara da nossa consciência;
ou podemos criar a nossa vida a partir dos actos inconscientes desse sabotador interno.
E quando é assim que acontece, quando criamos inconscientemente, acabamos por achar que não fomos nós que fizemos aquilo, acabamos por ter a tendência de nos sentir vítimas da vida ou de alguém.
A hora é agora! AQUI e AGORA!
Pegue numa lanterna, proteja-se com o manto da verdade e embarque nessa busca sagrada do seu sabotador interno.
Ele mora nas suas profundezas.
E quando o encontrar, tenham uma longaaaaaa conversa!
Conte-lhe sobre a nova pessoa que você é agora e dê-lhe outra função na sua vida.
Vai ser um alívio... para ele e para si!
Adaptado por
Isabel Perry
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