quinta-feira, 8 de janeiro de 2009

Stress, Pensamento, Meditação, NOVOS HÁBITOS e Saúde!







Já se apercebeu da grande dificuldade que todos nós temos de ficar sem pensar em nada?

Tente ficar pelo menos alguns segundos sem pensar em absolutamente nada e verá que não é tarefa fácil.
A nossa mente pula de galho em galho como se fosse um macaco travesso, por isso, a primeira técnica que vou ensinar consiste em educar o corpo, ensinar a prática da meditação, à nossa máquina humana.

Todos nós sentimos vontade durante o nosso dia-a-dia de ficar quietos num canto pelo menos durante alguns segundos, seja para pensar em algo ou organizar as ideias.
Enfim, todos nós somos instintivamente levados à meditação quase que inconscientemente, mas primeiro, quero que conheça algumas técnicas pois assim será mais fácil educar a sua mente.

Todos que já praticaram alguma actividade física já perceberam que o nosso corpo se acostuma a praticar exercício e, quando não praticamos, o corpo reclama e sentimos a falta da actividade física.

Com a meditação acontece exactamente o mesmo.

A maioria das técnicas de meditação envolve três zonas de controlo:
- Corpo, respiração e mente.

Controle o seu corpo:
- Para começarmos precisa de conhecer as necessidades do seu corpo.
A educação corporal ajuda a melhorar a circulação sanguínea, oxigena melhor o cérebro, fazendo a nossa mente ficar mais clara.

Comece sempre por observar a sua postura.
Procure uma posição confortável, seja em pé, sentado ou até a andar.
Não interessa.
O que procuramos neste primeiro momento é habituar o nosso corpo ao momento da prática meditativa.

Esta associação corpo mente é fundamental e com o tempo vamos refinando a técnica, buscando outras formas de realizar a prática, até encontrarmos a melhor para o nosso corpo.

A posição do corpo é extremamente importante, pois precisa de estar confortável.
Nas Culturas orientais as posições sentadas são as mais comuns.

As posturas como o lótus e o meio-lótus, em que se fica sentado com a coluna erecta e com as pernas cruzadas são as mais utilizadas.
A posição da cabeça e das mãos varia de uma cultura para outra mas o importante é que a sua coluna fique recta e que não esteja encostada a nada.

Se sentir dificuldades de se sentar no chão use uma almofada e, se ainda assim não conseguir ficar sentado, pode-se utilizar uma cadeira.

A coluna é o nosso principal centro nervoso por isso é necessário que ela esteja erecta mas sem nenhuma tensão.
Os ombros devem estar relaxados e abertos, e a cabeça e o pescoço, devem estar rectos e ao mesmo tempo sem contracções.

Se deixar o pescoço torto, tenso, ou a cabeça inclinada demais, a respiração será prejudicada e a circulação sanguínea também, dificultando a oxigenação cerebral.

Respirando melhor:
- O controle da respiração é fundamental para acalmarmos a mente.

Deve inspirar e expirar consciente deste acto.
Deve aperceber-se da sua respiração desde o momento em que o ar entra pelas narinas, até ao momento da sua saída.

Controlar e observar o ar caminhando por nosso corpo produz um efeito tranquilizante que reduz a tensão sanguínea e os batimentos cardíacos, acalma os órgãos internos, fazendo a mente repousar.

Procure respirar de uma forma tranquila, sem ruídos, e em vez de encher e esvaziar os pulmões, procure realizar uma respiração abdominal, enchendo e esvaziando lentamente a parte baixa do abdómen.

Observando a mente:
- Mestres orientais e ocidentais dizem que a mente sem treino tem vontade própria e nos leva a pensamentos que, muitas vezes, não queremos ter apegando-se a coisas dispensáveis.

Quando resolvemos observar o seu funcionamento percebemos que não temos controlo de nossos pensamentos.

Do mesmo modo que é extremamente difícil ficar sem pensar em nada, é praticamente impossível conseguir pensar em apenas uma única coisa.
Estes caminhos involuntários da nossa mente causam-nos muitas vezes preocupações, anseios, apegos, conjecturas e suposições que nos levam rumo ao sofrimento e ao stress.

Procure observar a passagem dos pensamentos pela sua mente mas não se apegue a eles, deixe-os passar, como folhas que passam flutuando num rio à sua frente.
Não tente represar os pensamentos, pois assim como as folhas eles acumulam-se e, represam o fluxo do rio mental, desviando-o do curso natural.

No início, quinze ou vinte minutos são suficientes para que comece a usufruir dos benefícios da prática mas, se ainda assim esse tempo for muito longo, divida a prática em três ou quatro meditações de 5 minutos durante o dia, em horários como logo depois de acordar, um pouquinho antes do almoço e depois do banho quando chegamos a casa após o trabalho.

O importante é desenvolver o hábito e com o tempo conseguirá meditar por mais tempo.

Outra técnica de meditação que também pode ser utilizada no quotidiano é a observação externa dos seus próprios actos, ou seja, consiste em observar-se a si mesmo diante de uma situação ou um problema, como se estivesse no alto de uma montanha observando-se a si mesmo a movimentar-se lá em baixo.

Esta técnica é bastante funcional quando queremos analisar uma situação de conflito.

Quando observamos a situação como se estivéssemos fora dela, conseguimos ver melhor as atitudes que tomamos e que não tínhamos percebido antes, ou palavras que dissemos e que não queríamos ter dito.

Olhar a situação de fora proporciona o aumento do sentido crítico e do discernimento dos seus actos, contribuindo para que seja mais cauteloso nas suas acções, pensando melhor antes de agir diante de situações em que se encontra sob tensão, evitando assim factores geradores de sofrimento e de stress.

Na terceira parte do artigo vou dar algumas dicas para que organize o seu dia e encontre o tempo que precisa para realizar a sua prática diária de meditação, aumentando o seu desempenho diário.

Lembre-se que uma mente sem treino tem vontade própria e leva-nos a pensamentos que muitas vezes não queremos ter, somatizando emoções perniciosas para a nossa saúde física e mental, causando problemas na nossa vida pessoal e profissional.

A prática da meditação pode trazer benefícios fantásticos para aqueles que a praticam com determinação.

O hábito de observar a própria mente ajuda no conhecimento e no melhor entendimento da natureza humana levando-o à melhor compreensão do momento presente, melhorando a capacidade de análise dos acontecimentos que vivencia diariamente.

Aos poucos vai perceber que a meditação começa a clarear a sua visão a respeito dos factos diários.

Problemas que antes não tinham solução para si, agora são analisados por outro prisma, de uma maneira rápida e natural.

O silêncio é uma das técnicas mais utilizadas para que possamos entrar em contacto profundo com nossa mente.
O silêncio pode ser responsável por uma drástica mudança na sua vida profissional e pessoal.
O acto de ficar em silêncio e observar a mente é tão incomum hoje em dia que se torna difícil para muitos dos que tentam:
- As pessoas têm uma necessidade latente de comunicar, de não ficarem sozinhas, parecendo que têm medo do próprio eu interior.

Já ouvi muitos pessoas dizer que tem medo de ficar sozinhas com os próprios pensamentos, que não conseguem ficar um só minuto sem estar em contacto com o mundo exterior, seja com o rádio ou a televisão ligada, indo ao computador, falando ao telefone, lendo…

Muitos até adormecem com a televisão ou o rádio ligado para não ficarem em silêncio.
Existe um medo, uma apreensão latente de olhar para dentro da mente.

A quantidade de benefícios que os momentos de paz e silêncio podem trazer-lhe são maravilhosos.

Muitas vezes diante de um problema sem solução, eu isolo-me por alguns minutos, e, dependendo da carga do problema, às vezes até algumas horas são necessárias.

Quando fico em contacto com a minha mente, em total silêncio, é como se eu pudesse ouvi-la sussurrar soluções para mim.

A velocidade dos pensamentos não interessa, algumas vezes depois de algum tempo em silêncio, mesmo sem pensar no problema em questão, volto ao trabalho, renovado, e horas depois deste momento de silêncio a solução do problema brilha na minha mente de forma súbita:
- Um insight, como alguns estudiosos preferem chamar.

Abarrotamos incessantemente a nossa mente com um volume de informação desnecessária tão grande que, muitas vezes, é preciso um descanso, uma pausa mental para que informações importantes sejam processadas sem interrupção.

Este hábito de se retirar e procurar o silêncio traz benefícios fantásticos, seja em momentos profissionais ou pessoais.

Precisamos de aprender a lidar como os pensamentos durante o dia.
- O nosso cérebro é um músculo que precisa ser exercitado da forma correcta.

De todas as vezes que falamos sobre observar os pensamentos e olhar para o “interior”
a maioria das pessoas associa tal atitude a alguma forma de religião mas este acto nada tem a ver com religião.

Somos movidos pelos nossos pensamentos que se transformam em emoções e sentimentos.
Por isso precisamos aprender a orientar a nossa mente, dar o rumo certo aos nossos pensamentos, utilizando ao máximo os recursos dessa máquina maravilhosa que é o nosso cérebro.

Com o tempo, a prática do silêncio tornar-se-á necessária e passará a sentir necessidade de reservar alguns momentos do seu dia para exercitar a sua mente e observar os seus pensamentos.

Eu consegui resultados esplêndidos através destas técnicas.
A prática do silêncio é uma das minhas favoritas pois a minha capacidade de resolução de problemas aumentou estrondosamente.

Hoje chego a reservar às vezes um dia inteiro para ficar em silêncio, um dia inteiro para mim e para mais ninguém e, normalmente após esses dias, ideias fantásticas surgem como lâmpadas acesas na minha mente.

É claro que nem todos podem dedicar um dia inteiro a si mesmos mas procure reservar mais momentos para si e, a partir do momento em que começar a realizar esta prática, começará a ver os factos com mais clareza, mais objectividade e a sua mente encontrará atalhos, caminhos mais curtos e mais práticos para a resolução dos problemas diários.
Para finalizar, deixo como reflexão uma frase indiana milenar que aprendi há muitos anos atrás, e que me ajudou muito na minha caminhada rumo à serenidade e a uma vida mais prática e objectiva, livre dos efeitos avassaladores do stress:

- Se a situação pode ser resolvida, para quê ficar nervoso?
- Se a situação não pode ser resolvida, de que adianta desesperar-se?

Por isso, exercite a sua mente todos os dias, não deixe que o “lixo mental” se acumule no seu cérebro e que o seu corpo somatize emoções perniciosas.

O hábito de meditar, além de ser um óptimo e eficaz exercício mental, também é uma excelente “faxina cerebral” auxiliando no melhor processamento das informações que realmente são necessárias para a sua evolução pessoal em todos os campos da sua vida.

(adapatação)
Isabel Perry

Sem comentários: