Depois de uma forte discussão, você pode ficar afetado por horas, ou mesmo dias, enquanto, por inúmeras vezes, você revisa o evento na sua mente, agita as sensações da raiva e inclui outras.
E, durante esse tempo, o seu humor está sendo governado pela memória da pessoa com quem você está furioso.
Você está fora de controle.
Você é vítima do evento.
O que é raiva?
Raiva é a sensação que experimentamos quando os eventos no nosso mundo não estão indo de acordo com nossos planos ou critérios.
É como se tivéssemos uma ideia interna de como as coisas, eventos e pessoas deviam ser – e, quando elas não "dançam no nosso ritmo", ficamos furiosos e, ao mesmo tempo, nos sentimos frustrados ou tentamos mudá-las.
Razão... ou felicidade?
Muitas vezes, sentimos que a nossa raiva é totalmente justificada e ficamos pensando:
"Bem, se o mundo andasse segundo as minhas regras, seria um lugar muito melhor – então, quem pode me culpar por me sentir irritado com a estupidez ou a negligência dos outros – com a recusa deles em reconhecerem que o melhor caminho é do meu modo..."
Isso, evidentemente, é tolice.
O mundo não anda nem irá andar pelas regras de qualquer um.
O mundo sempre será completamente caótico. Esta é a realidade – e não há sentido em estimular isso.
Também é um fato que o mundo é povoado por muitas pessoas com regras, valores e comportamentos um pouco excêntricos (de acordo com nossos padrões).
Elas continuarão a dirigir seus carros de maneira diferente da nossa – e a ter diferentes opiniões sobre o que é ou não um comportamento respeitoso, pontualidade, asseio, honestidade, etc.
Ficar furioso é inútil porque não muda nada. Nós nem mesmo temos o direito de mudar as outras pessoas.
Você pode sentir que estava com a RAZÃO quando ficou bravo.
Mas a pergunta chave é: isso o deixou contente?
Isso contribuiu para a sua FELICIDADE?
E para a felicidade das pessoas em sua vida?
Como isso ocorre?
Entender a mecânica da sua raiva é o primeiro passo para controlar esse humor. Essa mecânica é bem simples.
Você tem uma versão de como as coisas devem ser e compara continuamente a realidade com a sua versão – e fica furioso quando a realidade pega a versão errada!
Como parte desse processo, você tem uma lista mental de gatilhos que você compara com a realidade e quando a realidade pega ‘o errado’, você fica raivoso.
O que fazer com a raiva?
(1) Conservar – ou expressar?
Alguns especialistas dizem que você deve "expressar" a sua raiva em vez de refreá-la.
Eles chamam a atenção que a supressão da raiva pode levar a doenças no coração. Outros dizem que expressar a raiva torna as coisas piores porque ela agrava uma situação já difícil e pode trazer consequências desagradáveis para os seus relacionamentos, sua carreira, e até mesmo para a sua autonomia pessoal.
A escolha parece ser desabafar, e não ficar doente – mas você pode acabar sozinho ou na prisão.
Ou dominar a sua raiva e ser mais benquisto – porém ficar doente!
Felizmente, existe uma terceira opção – em primeiro lugar, não ficar furioso.
(2) Dissolver a raiva
A melhor maneira de lidar com o hábito da raiva é impedir, em primeiro lugar, sua ocorrência.
Descobrir quais os gatilhos que despertam as suas sensações de raiva e desativar cada um sistematicamente.
Ao fazer isso, reconheça como esses gatilhos o controlam, porque é isso que eles fazem – você encontra o gatilho e vai embora – no piloto automático, fora de controle, dirigido por suas emoções.
Comece fazendo uma lista de todos os gatilhos que produzem faíscas em você.
Ao fazer isso, considere o valor de permanecer no controle desses gatilhos.
Por exemplo, a sua auto-estima sofre – mais tarde você se sente mal porque se deixou envolver e perdeu o controle.
Você se sente mal pensando em como os outros o enxergam.
Sua família, seus parceiros e seus amigos tendem a tratá-lo com precaução, porque eles não podem relaxar na sua companhia – eles têm que ficar de guarda, esperando a próxima explosão.
E, depois, aquelas desculpas e intenções
– "Eu sinto muito. Nunca mais vou fazer ou dizer isso novamente. Eu prometo!"
E ninguém mais acredita em você.
Há também o custo para a sua paz de espírito, ao revisar os eventos infinitas vezes, repassá-los e sentir novamente as mesmas sensações repetidas vezes!
E, todos os dias, ficar atento a todas as oportunidades para se sentir perturbado.
(3) Um gatilho por semana
Pegue um gatilho por semana e desative-o.
Decida que a partir de agora você quer ser feliz na maior parte do tempo, mesmo que tenha que deixar as pessoas "fazerem as coisas do jeito delas".
Escreva o custo de continuar vítima desse gatilho para a sua saúde, felicidade, relacionamentos, etc.
Só fazer isso não irá impedi-lo de ficar furioso.
Você precisa fazer um pouco mais.
Ao ficar furioso, acalme-se imediatamente com algum exercício de respiração e depois tenha um papo racional com você mesmo
– "Tá certo, fiz de novo. Eu me deixei levar. Mais uma vez fui enganado por ele.
Mas estou aprendendo a aceitar as coisas mais facilmente pois sei o que me custa deixar os gatilhos me controlarem e também porque já estou farto de ser vítima deles!"
Desenvolver dessa maneira a sua atenção, de forma metódica, irá desativar gradualmente a sua tendência de perder as estribeiras.
Também desativa a tendência de justificar a sua raiva.
Na PNL nós chamamos esses gatilhos de âncoras .
Os epiléticos sabem quando um ataque é iminente e tomam as precauções adequadas; nós devemos fazer o mesmo com relação à raiva.
Nem tudo é "ruim"
Lembre-se de que nem toda raiva é insalubre.
Algumas vezes a raiva é bastante apropriada – ela pode ser a nossa defesa para impedir que outras pessoas nos manipulem ou nos dominem.
E pode nos motivar a agir contra a injustiça.
A raiva é saudável quando não é contínua e quando canalizada adequadamente em uma ação apropriada.
Reg Connolly é Trainer Certificado e Master Practitioner de PNL